15 de jul. de 2008

O mercado sou eu

Luís XIV, em célebre frase do pensamento despótico, disse que o Estado era o próprio. Pois eu digo. O mercado sou eu. O mercado é você. O mercado é o Max. O mercado é o João. O mercado é minha mãe. Ora, pois, o mercado somos nós? Sim, e aqui não há novidade.
A grande e fantasmagórica notícia é a de que o mercado é sentimental – mais isso também não é novidade. Ele é mais emocionado, emocionante, extasiante, hesitante que os seres humanos. Sim, ele é mais humano que nós.
Quando erra, o faz magistralmente. Quando acerta, o faz estratosfericamente. O mercado se humanizou. Mas o problema é que o mercado não tem fome, sede. Seus donos, sim. Ou seria o contrário? Sua propriedade, nós, temos fome.
Então fica combinada a inversão de papéis. Nós somos a máquina e o Mercado, em maiúsculo, pois agora é substantivo próprio, o agente. O agente pra lá de suspeito.
Imprensa sem humor
Talvez esteja a dizer coisas sem sentido ou mesmo batidas. É que estou abismado com a imprensa, pois ela disse agora pouco que o mercado está bem-humorado e que as ações voltam a subir. É o sub-prime, gente! É o sub-humano, gente! É o SUPERMERCADO.
Luís XVI, em célebre frase pré-Revolução Francesa, disse que depois dele seria o fim. E foi. Alguns tiveram a cabeça cortada, inclusive, o rei. Pois eu digo. Depois de mercado, o fim. O mercado, da maneira que nos domina, nos põe rédeas, flutuando nos humores de tolos investidores a pensar que estão num videogame, trará o fim. Até quando vamos nos comportar guiado pelo humor do natimorto Mercado?

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu não sou o Mercado. Eu sou uma outra coisa que um monte de gente adora xingar por não entende-la e que tem uma relação de amor e ódio com essa estranha e curiosa coisa a qual chamamos brasilidade.

Anônimo disse...

se o max é o mercado, por que há inflação?





hoje o dia está bem-humorado.