21 de ago. de 2008

FW: Jornalismo de Rascunho

Desde que comecei a trabalhar no ramo do jornalismo, percebi que, de fato, o jornalista é um contador de histórias. Parecido com aqueles velhos nomes da anedota clássica, como Ari Toledo, o jornalista precisa apenas que a coisa aconteça para que ele recorra ao seu vasto repertório de notas, notas cobertas, off's, etc. Ao piadista se dá uma palavra: sogra, por exemplo. E pronto; ele, no caso o brilhante Ari Toledo (mestre em arquivamento de piadas), vai lá e lança umas boas sobre sobra. O mesmo acontece com os repentistas e aqueles caras que fazem batalhas de rap. Nem tudo que reluz é improviso! Há sempre por trás um repertório de apoio, um modelo.

Não falo aqui do uso do improviso no jornalismo, ou da simples consideração do acaso, mas de como a linguagem, o discurso em si, é uma questão muitas vezes sonegada pelos jornalistas.

Sendo assim, a partir de hoje, começarei a publicar o meu rascunho. Como assim?
Durante o trabalho, percebi que os fatos mudam, mas, ao mesmo tempo, são os mesmos, do ponto de vista jornalístico. Um avião que cai, uma bomba que explode, um atropelamento que acontece... O texto já está pronto, sendo o fato real apenas uma atualização desse texto. As palavras já são conhecidas, assim como o são as rimas dos repentistas.
Quando vou escrever uma nota para o jornal, olho para os dados que coloquei no meu rascunho, uma ou mais folhas em branco, e vejo que a notícia estará pronta assim que eu fizer a atualização. Monto a história que, na verdade, é tão sólida e previsível quanto uma velha piada sobre loira ou papagaio...

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Hoje, consta no rascunho:

(aviso que transcrevo aqui literalmente o que foi escrito)

[ .atualizar: ver se ainda há gente em estado grave, etc...
. 32 pessoas. 14 mortos. 18 internados.
.belo horizonte, enterro trabalhadores.
.apreensão animais.
dano do circo?
.ordem dos animais: girafas, camelos, zebras e pôneis.
.entre Rio Brilhante e Nova Alvorada do Sul.
.falta 1 gol do São Paulo
.37 e 40! ]

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7 comentários:

Luiz Henrique Mendes disse...

Ótimo texto, Bruno! É como o bom - aqui é uma ironia, velho e caquético lide.

Anônimo disse...

Primeira pergunta: O que é o FW.

E um desafio: Luiz. Faça um lead "caótico" com esse texto do Bruno.

Anônimo disse...

gente, FW aparece porque estou postando por e-mail. Não sei, ainda, como evitar essa desgraça.

ademais, interpretem FW como quiserem.

Luiz Henrique Mendes disse...

Feliz Week! Pode ser, não? Uma fusão melancólica digna de Galvão Bueno vibrando com o hino do EUA!

Anônimo disse...

Eu já sei.. vc colocou FW: no assunto. Um erro primário que somente um Sbteira consegue fazer...
:o)

E mais uma momento histórico aqui: Mino Carta acaba de dar alguma dica de restaurante para algúem. E pasmem: Não é uma cantina italiana!

João Paulo Caldeira disse...

aposto um trocado que a primeira linha se refere a um acidente na fernão dias, esses dias mesmo

Anônimo disse...

acertou, joão. fernão dias!