24 de abr. de 2010

Lá vamos nós de novo

Apareceu na edição de hoje do Jornal Hoje - foi mal, não dá para evitar a repetição - um jornal feito por alunos da Farmácia da USP fez incitações homofóbicas. Basicamente, o jornal disse que daria um convite de luxo para uma festa para quem jogasse merda em algum viado. Para quem não viu, os links são esse e esse.
O texto em si, assinado pelo pseudônimo Joãozinho Zé-ruela, não dá lá pra ser muito levado a sério. Ele é cheio daquelas piadinhas de rixas entre faculdades, coisa como "medicús" e "nossa faculdade vai virar uma ECA". Só que a repercussão cresceu porque a Defensoria Pública do Estado de São Paulo ficou sabendo, e resolveu denunciar o jornal à Comissão Processante Especial da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, por homofobia.
Bem, lá vamos nós de novo. Na matéria são citados outros dois casos relacionados, na própria USP: um casal gay foi expulso de uma festa em 2008 por estarem se beijando, e em 2005 duas moças foram presas no campus da Z/L enquanto namoravam.
No ano passado, em meio aquele rebuliço da Geisy Arruda, eu lembro que um professor mui adorado por alguns disse que esse tipo de coisa estava acontecendo em vários lugares, e depois disse algo mais - que eu sinceramente não lembro, ele ia abaixando o tom da voz cada vez que contava algo "sigiloso", até ficar inaudível. Mas o Mario estava junto, e ele pode comprovar a história.
Esses casos e outros, ainda mais em um ambiente acadêmico, são o claro sintoma daquilo que já sabemos há algum tempo: nossa sociedade anda cada vez mais conservadora e retrógrada. O que assusta, neste e noutros casos, é quando esse conservadorismo começa a se tornar agressivo. Isso sim dá medo, muito medo.
Mas não é de se estranhar. Todos esses casos ocorreram em São Paulo - o da Geisy em São Bernardo - em um Estado que, há muito tempo, é governado por pessoas igualmente conservadoras e retrógadas.
Nas últimas eleições municipais, a cidade de São Paulo foi analisada por uma especialista de uma universidade carioca por ter um "provincianismo conservador". Que nada mais é um nome pomposo para chamar todos nós de caipiras - no pior sentido da palavra.

Quanto ao texto do jornal da farmácia, não deixa de ser um tanto tragicômico. Cursos de Farmácia, em geral, costumam ter um grande número de homossexuais. Sei disso porque minha namorada está cursando e um amigo meu é formado. Aliás, nunca ouvi ele reclamar dos gays da sala ou da faculdade dele - muito pelo contrário, talvez a baixa concorrência tenha feito a vida desse meu amigo muito mais feliz.

Se o caso desses caras da USP(tanto o sujeito que escreveu como o que deixou publicar) é algum tipo de frustração pelo insucesso com o sexo oposto, sinto-lhes informar, amigos, mas vocês estão reclamando com as pessoas erradas.

3 comentários:

mario disse...

Esse jornal é obviamente algo jocoso, o artigo e o pseudônimo são uma clara piada. o povo das secretarias é que não tem noção nehuma.

Nada novo, enfim...

Gustavo disse...

É aquele negócio: não existe piada a favor. Mas existe a boa e a ruim.

Os estudantes que fizeram isso deviam ser presos não por preconceito, mas por serem chatos mesmo.

João Paulo Caldeira disse...

Então, o Arnaldo Branco escreveu uma coluna sobre o caso indo na mesma praia da piada ruim: http://www.revistazepereira.com.br/muitos-humoristas/