7 de mar. de 2009

M.F. está sozinho em casa

São sete horas da manhã em São Paulo. O trânsito já começa a ficar intenso porque boa parte dos paulistanos está saindo de casa ou no caminho para entrar as oito ou às oito e meia no trabalho. Na Lapa, porém, M. F. ainda nem se levantou da cama.

De origem judaica e torcedor do Corinthians no único bairro da capital onde a maioria é palmeirense, M. acorda por volta das sete e dez, troca de roupa e bebe somente um copo de leite no café da manhã. Depois, entra no seu Palio 97 e vai dirigindo até o bairro de Perdizes, também na zona oeste de São Paulo, onde faz o curso de Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica.

Passados 20 minutos no trajeto entre sua casa e a faculdade, M. chega na PUC por volta das sete e meia da manhã, trajando uma camiseta simples, uma calça jeans e um tênis, ou às vezes uma papete. Alguns de seus jeans parecem ter passado da hora de serem aposentados, mas ele não tem um jeitão muito vaidoso. Seu carro ano 97 e seu jeitinho meio desencanado de vestir passam uma impressão diferente da casa de três andares onde mora em um bairro valorizado da capital.

Seus horários têm variado bastante porque seus pais estão viajando pela França e seu irmão está fazendo um curso em Israel. Sozinho em casa, ele não se sente tão obrigado a levantar no horário habitual. Mesmo assim, ele não costuma faltar ou chegar atrasado. M. gosta da faculdade, mas mais do convívio social do que das aulas em si.

F. é um relações públicas nato. Além de conversar com seus amigos mais próximos, ele também encontra alguns outros conhecidos com quem eventualmente puxa conversa sobre os mais variados assuntos, de fotografia a futebol, com alunos do primeiro ao quarto ano do jornalismo, e inclusive alguns de publicidade.

O ludopédio, aliás, é um de seus temas favoritos. Conversa bastante sobre futebol com C. M., um sorocabano de pouco mais de sessenta quilos que adora polemizar e não foge de uma discussão. Além do C., M. também passa um bom tempo falando do esporte com R. P., talvez uma das poucas meninas do curso que gostem tanto de futebol quanto ele.

Corintiano apaixonado, ele costuma freqüentar o Pacaembu, independente de ter algum amigo que vá junto ou não. O Corinthians é uma de suas paixões e uma das poucas coisas que conseguem tirá-lo do sério. Sempre sorridente, no dia 3 de dezembro de 2007 ele apareceu no pátio da faculdade com a cara fechada. Seus amigos estavam morrendo de vontade de tirarem um sarro de sua cara por causa do rebaixamento do clube paulista, mas tentaram ser um pouco compreensivos.

Em outro episódio, também em 2007, apostou uma caixa de Bohemia com um professor palmeirense, antes do clássico entre os dois times. No Morumbi, o colombiano Valdívia fez a alegria da turma da Barra Funda, e M. perdeu a chance de tomar umas de graça.

Depois de assistir as aulas, ele tem uma programação também muito variável por causa do seu estágio na JPPress. Lá, ele faz a narração online de jogos de futebol, e por isso mesmo seus horários dependem muito da rodada do dia. A cobertura varia desde jogos com mais importância, como os da Copa Libertadores da América, até outros como Grêmio X Brasil de Pelotas, pelo Campeonato Gaúcho, primeiro jogo que fez na empresa.

Mesmo com o estágio, M. mantém uma série de outras atividades, que também não envolvem trabalhos acadêmicos. Duas delas são o podcast e o zine do androceu, blog que mantém com colegas de faculdade desde 2006. Ele é o mentor e uma espécie de editor chefe, tanto do programa de rádio quanto da revistinha, e isso significa que ele despende uma boa dose de tempo e energia editando, diagramando e cobrando textos da sua equipe.

M. tenta ocupar seu tempo, e isso é muito devido ao seu jeito hiperativo. Não é necessário saber do podcast e do zine pra chegar a essa conclusão: só uma conversa curta com ele já se percebe a sua hiperatividade. Max às vezes se enrola com as palavras, tentando fazer com que a fala acompanhe o pensamento – convenhamos, geralmente sem muito sucesso. Mesmo quando não está falando parece que não consegue ficar parado, batucando um pandeiro(ou outro instrumento de percussão) imaginário.

Apesar dos horários meio malucos, ele não reclama de chegar as onze horas em sua casa, porque gosta do seu trabalho. Depois de um dia longo, janta(algumas vezes com tanta fome que não esquenta a comida), entra no computador e vai dormir por volta da uma da manhã. Pra começar tudo de novo no dia seguinte.

Um comentário:

Bruno de Pierro disse...

porra, joao... um doa melhores perfis que jah li.. serio mesmo! com certeza, vc vai ser o biografo ofcial de MF. profetizei isso quando terminei de ler o seguinte trecho:

`Mesmo quando não está falando parece que não consegue ficar parado, batucando um pandeiro(ou outro instrumento de percussão) imaginário.`