1 de dez. de 2010

Não fui ao show por que não quis. E não me arrependo disso.

Jornalista é um tipo de filho da puta que desafina o coro dos contentes. Herege é outro tipo de filho da puta que coloca em dúvida suas crenças, seus dogmas, seu modo de vida. Este é um texto mezzo jornalístico, mezzo herege e 100% de um mau gosto. Aos puros de espírito, um conselho, deixe esse texto para lá e ignore estes desatinos sem sentido do escriba. Afinal, ele não sabe o que escreve. Só não se esqueça de deixar o seu “Porra, Max” na caixa de comentários.


Então você resolveu pagar para ver se esse texto é tão ruim assim? Bem, beatlemaníaco leitor e beatlemaníaca leitora, o texto não está TÃO ruim assim. Está ruinzinho, até mesmo para os meus baixíssimos padrões de qualidade (basta saber o time que eu torço). Então vou deixar você com a opção de sair aqui novamente. Prometo que não conto para ninguém que você clicou no “Leia mais”. Você vai embora e ganha o seu tempo. Eu, pelo outro lado, ganho um click na minha contagem mensal para as Olimpíadas Androceuticas e a paz volta à terra dos homens de boa vontade. Me parece justo, certo?

Sério? Você quer mesmo ir até o fim? Bem, não diga depois que eu não te avisei. Não me lembro se escrevi lá encima que esse texto trará discórdia e intranquilidade aos vossos corações pois falará mal dos quatro rapazes da piscina de Liver #piadaruimdetected. Contudo, não quero, não pretendo e não vou fazer ninguém deixar de gostar dos Besouros. Talvez consiga, com um pouco de sorte, mais um ou dois críticos para a minha coleção particular.


Uma vez, durante o meu primeiro ano como estudante universitário, um professor de teologia afirmou que religião pode ser considerada a junção de uma série de crenças normalmente consideradas dogmas. O dogma nada mais é que do que uma verdade cristalina que deve ser aceita – por bem ou por mal.


Exemplo clássico: no Cristianismo existe um dogma chamado infalibilidade papal. A lógica é que se o Papa é o representante de deus e se deus não falha, seu representante não pode falhar. E pobre coitado de quem levanta a voz contra isso.


Poderia gastar linhas e linhas, mas estaria fugindo do assunto principal desse post herege: o dogma ao redor dos … ah vocês sabem quem.


Música e religião sempre andaram juntas e em algum ponto da História, músicos talentosos se tornaram deuses. Neste momento, a música recebeu algo até então exclusivo das religiões: fanáticos.


Você, caro leitor, já deve ter discutido futebol com um tio ou amigo chato. Não importa se ele é corinthiano, palmeirense ou beneditino. Para ele, o seu time é o melhor do universo e ponto final. Se alguém diz o contrário é porque não entende nada de nada. O mesmo acontece em política, economia e música.


Tente dizer, por exemplo, a alguma pessoa que foi ao show (ou que gostaria de ter ido) que The Beatles não é “a maior banda da história”. Ou, melhor ainda, do Reino Unido. Tente dizer que você prefere o rock dos Rolling Stone ou do The Who em vez das composições de Lennon e cia. Você teria mais chance de sobreviver em uma briga de torcidas organizadas.


Debater faz parte da paixão. Contudo parece que discutir Beatles é uma verdadeira heresia aos músicos amadores e profissionais. Parece que é mais fácil, até para o crítico de seus fãs, aceitar que toda e qualquer coisa produzida pelos Fab Four é divina e não pode ser questionada, afinal eles foram e são a melhor banda de todos os tempos, certo?


Agora, sejamos sinceros (você ainda está aí? Eu sabia que masoquistas liam os meus textos, mas isso já está ficando ridículo....). Melhor banda de todos os tempos? No mínimo do mínimo do mínimo é de uma prepotência enorme afirmar isso. Contudo, sinceramente, não acho estranho que uma banda inglesa acabe com o título, pois como canta Branco Mello, “Um idiota em inglês/ É bem melhor do que eu e vocês”.


A história, porém, nos mostra que a tendência é a evolução natural. Ficando no campo da música: Motzart foi por muitos anos considerado o melhor compositor de todos os tempos e parecia imbatível. Contudo, apesar de toda a sua genialidade e originalidade o gênio austríaco foi superado por ninguém menos que Beethoven. Logicamente há pessoas que dizem que Motzart é o melhor de todos os tempos e outras defendem que o alemão que é digno dessa coroa, mas isso fica para outro post.


A mesma coisa no futebol. Pelé e Maradona parecem fadados a disputar o título de melhor de todos os tempos. Para mim, nem um nem outro, mas sim um certo militar húngaro chamado Puskas.


O mesmo acontecerá com os Beatles. Pode ser amanhã, em uma semana, um mês, um ano, uma década ou um século. Não importa, eles serão superados. E aposto um xelim furado que o quarteto ficará feliz ao se ver livre deste rotulo.


E vamos fechando esse texto sem pé, cabeça ou argumento válido. O fato é que não fui o show, não me arrependo, não devo me arrepender e só escrevo essas pessimamente escritas linhas para poder participar do especial e provavelmente ganhar a Taça de Texto mais longo e sem sentido. O resto é conversa de um velho pescador que vivia num submarino amarelo quando nasceu.

Leia mais no Especial Paul

Tudo bem in the rain?
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Paul McCartney: Show? Não, experiência de vida
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Sobre os outros três

9 comentários:

Carlitos disse...

Primeiro lugar, Max, você não está errado no que se refere à melhor banda de todos os tempos. Cada um tem a sua e ponto final. Se você acha o The Who, você deve ter sua razão. Só acho que você exagerou um pouquinho na acidez. Até parece um Nitroglicerina Pura, pois ninguém discute que o show do Paul se tornou uma baita missa, um culto, seja como for. Claro, existem fãs fanáticos, mas não vejo problema em eles irem ao show e dizerem que foi o melhor de todos os tempos, pois a opinião desses é pessoal, tão pessoal quanto a sua. Enfim, se você não quis ir ao show, sorte sua, economizou uma boa grana. E, só pra finalizar, de onde você tirou que Beethoven é melhor que Mozart? hahhahaha

Guss disse...

Obviamente, não concordo com nada do que foi escrito e do jeito que foi escrito. Mas têm certas coisas que queria comentar.

Dá pra comparar música com religião até certo ponto. A partir do momento que você tenta racionalizar os assuntos (e criar uma discussão que vai além do 'gosto é gosto'), os dois campos seguem trilhas distintas.

Se você racionaliza a religião, ela deixa de existir - já que a base é mesmo no irracional, espiritual e emocional. Música, não. Tem certas coisas que são mensuráveis, por vários ángulos - técnico, histórico, comercial, etc.

Não dá pra falar que o catolicismo é melhor que o islamismo, da mesma forma que não dá pra dizer que Beatles é melhor do que The Who - e vice-versa. Melhor é aquilo que te satisfaz pessoalmente. Logo, a decisão é pura e unicamente sua.

Mas eu consigo falar, apoiado em diversos aspectos, que Beatles é MAIS IMPORTANTE do que The Who ou qualquer banda/ nome dentro daquilo que se convencionou a chamar de música pop. Quem não reconhece isso, é mera ignorância.

Agora, achar Beatles ruim ou menor do que outras bandas é um direito individual - e digno de lamento..

João Paulo Caldeira disse...

Arrá, eu sabia que esse texto ia causar o ódio e a discórdia!

João Paulo Caldeira disse...

Max Fischer, O Provocador pt. 2 (só faltou a foto com o fósforo): http://noticias.r7.com/blogs/o-provocador/2010/11/26/paul-mccartney-e-brega/

Dé C. disse...

Ai Max Fischer...

Assim, vai, eu sou contra endeusar um artista, porque todos são seres humanos que cometem erros. Portanto, não acho que todas as músicas dos Beatles são as coisas mais perfeitas do universo. Eu admiro muitos músicos, atores, esportistas, mas sem exageros, separando bem as coisas.

E também concordo que banda preferida é uma questão de gosto e de identificação com o que aqueles artistas fazem. O que determina uma banda ser boa ou ruim é uma análise de um conjunto de características por ela apresentadas. São coisas diferentes, portanto. Todo mundo tem vergonha de confessar gostar de alguma banda por saber que ela não é lá essas coisas, não é verdade? Da mesma forma, cada um tem um beatle favorito, certo? Ou o melhor show que já viu. Faça uma enquete e você vai ver quantas opiniões diferentes e polêmicas vai encontrar.

Agora, nós temos que reconhecer que os Beatles foram extremamente importantes para o desenvolvimento da música moderna. Eles foram inovadores e pioneiros em muitos sentidos. Já faz parte da história cultural recente. Isso é fato, independentemente de gosto.

Max disse...

Bem, eu vou responder pessoalmente baixo as perguntas, mas antes vou recolocar dois trechos do texto que mostram o por que dele ter sido escrito e a razão de estar desse jeito...

Este é um texto mezzo jornalístico, mezzo herege e 100% de um mau gosto. Aos puros de espírito, um conselho, deixe esse texto para lá e ignore estes desatinos sem sentido do escriba. Afinal, ele não sabe o que escreve.

***

E vamos fechando esse texto sem pé, cabeça ou argumento válido. O fato é que não fui o show, não me arrependo, não devo me arrepender e só escrevo essas pessimamente escritas linhas para poder participar do especial e provavelmente ganhar a Taça de Texto mais longo e sem sentido. O resto é conversa de um velho pescador que vivia num submarino amarelo quando nasceu.


Então reforçando. NÃO É UM TEXTO A SER LEVADO A SÉRIO e não foi a toa que eu tiro (ou tento tirar) sarro de mim e dos leitores a cada duas ou três linhas.

Agora as respostas...

@Carlitos. Se cheguei perto no N.Pura estou feliz. A ideia era trazer debate e comentários furiosos. Pelo jeito consegui.
E Beethoven melhor que Mozart é um caso antigo entre os ditos entendidos em música clássica e entra na tipica discussão de quem veio antes, o Corinthians ou o anti-Corinthiano. E o seu comentário me lembrou de um episódio dos Simpsons que homenageia o Mozart (no caso o Bart) por alguma razão e no final aparece o Beethoven (o Nelson) tocando, se eu não me engano, um pedaço da Nona. O episódio fecha com o Mr.Burns dizendo que toda a arte anterior estava ultrapassada.

@ Guss Vale lembrar o comentário lá encima. Esse texto não é - e não pode - ser levado a sério a ponto de iniciar um grande debate. Concordo em partes o que você disse, pois se sobre algo no campo musical ao ser racionalizada, no campo religioso também sombram coisas interessantes, como códigos de ética, história, comércio e etc, mas essa é a típica discussão que não deve ser feita via comentários.
Eu não falei durante nenhum momento do texto que os Beatles são ruins. Ao contrário. Acho uma banda exelente, mas acho que jogam muito confete encima de tudo que eles produzem. Eu escrevi, ou tentei escrever, apenas que existem fãs chatos o bastante em suas fileiras, assim como no futebol, que quase te ameaçam de morte se você ameaçar abrir a boca para criticar algo - nem que sejam os suspensórios utilizados pelo Paul no show. E que para muitas pessoas é mais fácil aceitar do que criticar. O Diogo linkou no Facebook dele um texto bem legal sobre esse assunto. Check it out.

@JP Mission Acompleshed. E vamos tirar a foto depois...

E por fim, mas com certeza não menos importante, @DC.
Vale o mesmo comentário do Guss. Reconheço a importância deles na história da música pop e suas qualidades musicais. Agora não vai ser você que vai me convencer que Ob-La-Di, Ob-La-Da ou Only A Northern Song, onde o proprio
George admitiu anos depois que o que importa ali é a letra e não os acordes, são boas músicas.

Dé C. disse...

Sim, Max Fischer, foi o que disse em meu comentário: não acho todas as músicas deles perfeitas. Aliás, confesso: até pulo algumas delas.

Eu entendi o que você quis dizer e concordo. Não deveria ser considerado pecado criticar certas coisas. Só quis escrever um comentário bonito...

carlitos disse...

Max, essa história do "NÃO É UM TEXTO A SER LEVADO A SÉRIO" eu conheço bem dos tempos do Ajev. Adianta (ou melhor, adiantou) ser um texto para não ser levado a sério? As pessoas levam, até pq vc sabe bem (como eu sei pela experiência do Ajev), você escreveu sério sim e não adianta agora ficar pagando uma do tipo piadinha. Até pq FODA-SE, a opinião é sua, vc não precisa ter vergonha dela só pq os outros acham outra coisa. Tu não deve nada a ninguém.

"Não tenha medo de realizar as suas ideias. Jamais." Paulo de Oliveira

Alan disse...

Acho que um texto polêmico é interessante porque causa discussão, repercussões...
Mas também acho que não chegaremos a lugar nenhum discutindo coisas como Pelé ou Maradona? Beatles ou Rolling Stones? E por aí vai...