13 de dez. de 2009

EM NOVA FASE, MASP DIALOGA COM GRAFITE E EXPÕE ARTE DE RUA

Fora do espaço de onde costumam partir - as ruas -, mas de maneira alguma distantes do ambiente urbano, as obras que compõem a exposição “De dentro para Fora, De Fora para Dentro” parecem não pertencer a lugar algum especificamente. Quando expostos no subsolo do Masp (Museu de Arte de São Paulo), os grafites “lá de fora” encontram outros suportes para sobreviverem “dentro” do espaço do museu.

Mostrar que o “grafiteiro” que utiliza o contexto urbano como suporte para seu trabalho é, também, o artista que expõe telas e instalações dentro dos limites de um museu, é o principal mote da exposição. Aproximadamente 1500 m2 da galeria subterrânea do Masp foram tomados por obras de Ramon Martins, Titi Freak, Carlos Dias, Stephan Doitschinoff, Zezão e Daniel Melim, cujas referências se relacionam com a cultura pop, o hip hop, o punk etc. Livres do rótulo de “grafiteiros”, os artistas mostram que, tanto o espaço público das cidades, quanto as galerias de arte, são ambientes capazes de receber novas formas de intervenção artística.

Em entrevista à reportagem do Androceu, Baixo Ribeiro, dono da galeria Choque Cultural – representante dos seis artistas – e um dos curadores da exposição, afirmou que muitos críticos de arte ainda não entendem a proposta e acabam reduzindo a exposição a “grafiteiros no Masp”. “Fazer grafite é trabalhar na cidade, no espaço público, mas o artista usa o suporte que quiser”. E em “De Dentro para Fora...” o que ocorre é isto mesmo. O contexto urbano acaba não entrando no museu, mas sim o artista e sua arte. “O nosso interesse foi recepcionar o público com um trabalho novo, envolvente, porém é uma exposição de pintura, quase crua, mas com muita emoção”, explica Baixo.

A falta de artifícios, no entanto, permite com que as obras ganhem uma autonomia com relação ao espaço que as abriga. Segundo baixo, a música foi descartada, pois com ela as pessoas tendem a se sensibilizar facilmente, diferente da pintura, que é “mais sofisticada e sugestiva”. Exemplos são os painéis de Ramon Martins, com referências ao psicodelismo. Em um deles, a pintura “vaza” do mural e escorre pelo chão, manchando com inúmeras cores o cimento do pavilhão. Já Stephan Doitschinoff usa o spray para opor o sagrado e o profano, em uma instalação que dificilmente veríamos na rua.

Mas, após o último dia de exposição, os grandes painéis, cerca de 17, serão apagados, intencionalmente. De acordo com os curadores, a efemeridade desses trabalhos é justamente para fazer com que as pessoas visitem a exposição. “Só a presença permite ao visitante sentir o que o artista fez, como em um show ao vivo”, afirma Baixo.

Serviço

DE DENTRO PARA FORA, DE FORA PARA DENTRO


Onde: Masp – Museu de Arte de São Paulo (av. Paulista, 1.578, telefone: (11) 3251-5644) Quanto: 15 reais (meia: 7 reais)
Quando: de ter. a dom., das 11h às 18h, e qui., das 11h às 20h; até 5/2

2 comentários:

Ester disse...

Adorei Bruno! Ótimo texto. Agora fiquei com vontade d ver a exposição. Tks!
Bj.

Carlitos disse...

hj rolou o roda viva com os gêmeos, ficou bem bacana. para quem não pôde assistir, a reprise é só domingo de noite.