4 de mai. de 2009

No caminho da vitória

“- Vai descendo que eu to virando na sua rua.
- Peraí, eu to terminado de amarrar o meu tênis e já desço.
- Você não está levando nada verde, né?
- Eu posso entender pouco de futebol, mas não sou burro, né Max?”
Foi assim ou algo muito próximo disso que marcou o início da minha temporada ludopédica 2009. Na verdade, a temporada havia começado uma semana antes, em um amistoso contra o Estudiantes em um jogo que só não só choveu canivete como eles eram suíços e tinham 67 utilitários deferentes. Mas isso não vem ao caso.
E veio o apito inicial. E vieram os primeiros gritos. E, logicamente, Max não estava dentro do estádio para ver o começo da partida – e consequentemente o primeiro gol do Barueri – uma vez que estava na fila enchendo a cara com mais dois androceuticos e a vizinha do sindicato dos metalúrgicos do grande ABC; e a fila para entrar só crescendo...
Parecia que nada havia mudado no Tobogã. O cheiro de maconha era o mesmo, os vendedores alternativos eram os mesmos e o tratamento ao torcedor continuava o mesmo; ou seja, não conseguimos ver o primeiro tempo, quase não conseguíamos respirar e tentar andar sem pisar no pé era considerado um milagre. Mas enfrentando todas as dificuldades achamos um lugar razoável (mesmo que o João diga o contrário) e vimos o Corinthians empatar e quase virar o jogo. Ufa! Era só o começo da temporada.
Os jogos foram passando lentamente. Alguns assistidos no estádio ao lado da sempre fiel latinha de cerveja ou um ou dois conhecidos, outros no conforto do sofá caseiro e alguns pelo radinho de pilha na fila do cinema ou tentando doar sangue no HC. E o time não perdia, não emplacava e ficava e deixava a eterna dúvida na cabeça do torcedor que não via o menor padrão de jogo ou chances de se classificar para as semifinais do primeiro torneio do ano.
E o Gordo estreiou. E transformou mais uma derrota para o arquirrival em um empate heróico, como nos velhos tempos. E o time foi ganhando corpo, foi vencendo (e empatando muito) e surpreendimente estávamos classificados para as semifinais depois de não sei quantas temporadas.
A garantia do terceiro lugar deveria vir na vitória contra o Guarani, já rebaixado para a A-2 do Paulista, porém os campineiros conseguiram trancar o jogo, garantir um 0 a 0 e estragar as chances corintianas de garantir o segundo lugar na classificação geral. A solução foi ter que enfrentar o São Paulo, sendo o segundo jogo no Morumbi.
E veio a semifinal. E veio o São Paulo, o melhor time do Brasil, o mais organizado, com três Libertadores, com não sei quantos Brasileiros em sequência e o diabo a quatro.
E deu no que deu.
E veio a final contra o Santos. Primeiro jogo prometia ser complicado. E foi, mas a maldição da Vila Belmiro se confirmou mais uma vez: o time do melhor do mundo venceu.
E a semana passou com um piscar de olhos com o mesmo filme passando na cabeça de cada corintiano que conseguiu dormir, já que boa parte se mudou há uma semana para baixo do Pacaembu e voltou só no começo da madrugada de hoje para casa. O rebaixamento, a volta por cima, o empate contra o Palmeiras no último segundo, as vitórias nas semifinais, entre outras cenas em um belo melancólico filme preto e branco - é lógico. O pensamento era um só: Esse ano não escapa.
E deu no que deu, de novo. Mais um troféu para a coleção, um grito de campeão entalado por quase 18 meses ecoando pela cidade, o capitão quase no hospital por idiotice da FPF e um sorriso quase débil que não vai abandonar o rosto de 25 milhões de pessoas tão cedo. Na verdade, vai. Não por uma tragédia ou qualquer coisa do tipo, mas amanhã já tem jogo importante pela Copa do Brasil e também queremos esse caneco lá no Memorial do Clube.
Enfim, só basta agradecer, mas isso é assunto para um outro texto que será publicado no Filosofia Lapiana nos próximos dias...
E quando penso como vou finalizar esse texto, surge no celular o texto do amigo que não gosta de futebol: “Quem ta feliz levanta a mão”. Pois é...

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