31 de jul. de 2009

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Imagem do dia: Obama é dos nossos!



crédito da foto: Associated Press.


O Blog Androceu já entrou em contato com a assessoria da Casa Branca. Quando visitar o Brasil, Obama conhecerá a Augusta com a gente.


para saber do que se trata: Estadão

29 de jul. de 2009

Mudança de hábito

Olha, certeza, certeza mesmo não posso garantir. Sabe, tem momentos de uma noite que simplesmente apagam em nossa memória, e aí você passa a receber um monte de versões do que pode ter acontecido, e fica preocupado ao saber que os relatos partem de gente que também sofreu algum tipo de amnésia durante a mesma noite que você, ou que beijou traveco pensando que se tratava de uma loirassa. É como se aquelas poucas horas de sua vida se tornassem um livro aberto, tipo aqueles que se fazem presentes em exposições de arte, recebendo canetada uma atrás da outra de um bando de gente que, na maioria das vezes, não entendeu porra nenhuma do que viu, mas não deixa escapar a oportunidade de prestar alguma homenagem pro artista e assinar em baixo.

Não que eu tivesse bebido. Não que eu tivesse me drogado. Longe disso. Mas acho que pelo menos uma dessas possibilidades foi a responsável pela minha súbita deficiência, a ser, não lembrar nada do que se passou entre as onze e meia da noite do dia 15 de julho – hora em que, de acordo com testemunhas, já fazia mais de meia hora que dizia que amava todo mundo – e as quatro da tarde do dia seguinte - hora em que, de acordo com testemunhas outras, eu acordava me queixando de forte dor de cabeça, culpando, com veemência, o travesseiro.

Ouvi uma porção de reconstituições do que ocorreu. É horrível não poder, nessas horas, duvidar da palavra do outro, pois você simplesmente ouve as pessoas contarem histórias ditas reais tão absurdas, surreais, inimagináveis e, muitas vezes, escatológicas tendo como personagem principal você mesmo, que ou você acredita, ou manda matar todas as testemunhas, fazendo calar para sempre essa poderosa voz que insiste em queimar seu passado ao longo das próximas gerações.

Mas o que dizem por aí é que, não contente com o fato de ter recebido uma dura da irmã-diretora lá do convento naquela manhã, quando me dirigia para o congresso, devido ao fato de ter chegado tarde na noite anterior, guardei o rancor no meu peito até não poder mais agüentar e, já presente no porão do Alemão, balada tradicional de Manaus, afaguei tudo o que de pior sentia a respeito da Igreja Católica e suas freirinhas com vodka, cerveja e tequila barata. Por volta das duas da manhã, apaguei. No caminho de volta, já dentro do celta que alugáramos dois dias antes, recuperei parcialmente o estado de vigília e, ao nos aproximarmos da entrada do convento onde estávamos hospedados, prontifiquei-me a insultar qualquer bata que me aparecesse na frente. Com o carro parado na frente da entrada que leva aos dormitórios, cumprimentei uma das irmãs e disse que, ali, ninguém estava alterado não, senhora! Conclui com a seguinte avaliação: vocês, noviças, precisam beber mais e, quem sabe, um p... desse tamanho!

E agora, Kassab?


Não tenho muita simpatia por Kassab nem pelo seu partido e também nunca votaria nele. Mas acho que decisão de banir os fretados da área central de São Paulo é correta. Já era hora de regular o setor e organizar os pontos de parada e as rotas desses milhares de ônibus. Mesmo sendo época de férias, já percebemos uma pequena melhora no trânsito. E eu não tenho do que reclamar: agora há mais opções de transporte público para voltar do trabalho.
Mas essa é só a parte boa da história. A prefeitura até teve boas intenções ao restringir a circulação dos fretados, mas um péssimo planejamento provocou novos transtornos: filas intermináveis nos novos bolsões de estacionamento desses ônibus especiais, muitos deles em pequenas ruas residenciais; metrô e trens superlotados; e manifestações dos usuários, que já conseguiram que a Avenida Berrini ficasse de fora dessa nova regra.
Na pressa e sem um estudo adequado, Kassab trocou um problema por outro. Claro que há um período de adaptação, que pode demorar semanas. Mas o verdadeiro teste chegará quando as aulas voltarem: até lá, espero que organizem melhor os pontos de parada, coloquem mais ônibus públicos nos horários de pico e (o mais difícil), convençam os executivos da classe AAA a deixar seus carros na garagem na maior parte da semana.
Como nada disso vai acontecer, vamos aguardar um segundo semestre com fortes emoções e buzinas.

28 de jul. de 2009

A vida é uma Bósnia

No ônibus, há uma senhora sentada ao meu lado. A bem dizer, mais da metade do ônibus é composta de gente que passou dos 50 há um bom tempo. Mas voltando: ela carregava uma sacola, do tipo de feira. Tirou de um saco plástico um pacote pequeno de salgadinho, tipo Elma-Chips. É o Chipsy. Jurava que era batatinha. Não era. O formato é algo como uma concha, fechada, oca, leve, trançada, quase transparente. O sabor indicado na embalagem era queijo e cebola, o visual era de nada e o gosto era de tudo, menos de queijo e cebola. Resumindo: era horrível. Recusei da primeira vez que ela me ofereceu, mas só por educação - estava a fim de provar aquilo. Detestei. Ela colocou o saquinho na minha direção de novo. Recusei, balançando a cabeça negativamente, dessa vez porque era ruim mesmo. Ela falou alguma coisa e continuou com o pacote na minha frente. Peguei mais um e comi. Acabei e ela insistiu para pegar mais um. Tentei um hvala [obrigado], mas não deu certo. Comi bem devagar, porque reconheci que aquela batalha era perdida. E ela estava indo para Srebrenica, ou seja, sabe como uma guerra funciona. O processo se repetiu uma duzia de vezes. No fim, a senhora não queria mais, e me deu o pacote. Tive que comer. Quando sobraram só dois, foi a minha vingança: sugeri para ela pegar um e eu o outro. Insisti. Ela apontou para mim, fez alguns gestos. No fim, o que entendi foi: você é bem magrinho, precisa comer, menino!, e então ela se recusou a comer o último dos salgadinhos. Em plena Bósnia Herzegóvina, achei uma avó.

Gustavo Silva esteve na Bósnia Herzegóvina por 3 semanas e passou por algumas das experiências mais surreais de sua vida. Para saber de outras histórias, aguarde até o final do ano, quando A Vida é uma Bósnia será lançado simultaneamente nas livrarias, bibliotecas, cinemas, locadora, açougues e supermercados Pão de Açucar.