Um dos editorias da Folha de hoje, 20 de setembro de 2007, intitulado Lata de lixo da história, discute o caso do livro "Nova História Crítica", destinado a alunos da oitava série e comprado pelo governo federal de 2005 a 2007, a fim de distribuí-lo gratuitamente nas escolas públicas do país. O que aconteceu foi que a obra foi acusada de "doutrinar crianças" com um marxismo vulgar, por meio de "mentiras" a cerca dos acontecimentos históricos. O livro estaria, então, condenando o capitalismo, louvando governantes socialistas, etc. Fala-se, até, em "erros".
Ora, se pensarmos que a história é contada a partir de pontos de vista diversos, ou seja, cada classe social tem a sua versão dos fatos, suas explicações, não se sabe, portanto, a verdade absoluta de nosso passado. Há, aí, uma interação de ideologias e informações; e mesmo num livro de ginásio, é impossível o autor desvincular as informações do conteúdo ideológico que lhe foi passado ao longo de sua formação acadêmica. Veja, em seguida, a íntegra do editorial...Não deixe de dar sua opinião! O livro, vale dizer, não será mais usado pelas escolas públicas...
Lata de lixo da história
PROGRAMA Nacional do Livro Didático (PNLD) conta em 2007 com orçamento de R$ 620 milhões. Uma cifra vultosa, mas por tudo justificável como investimento que faz chegar a 30 milhões de alunos de escolas públicas, de graça, 120 milhões de volumes.O esforço republicano para disseminar conhecimento entre estudantes de todas as classes e regiões, exatamente por seu gigantismo, exige muito controle público para afastar o risco certo de falcatruas -materiais ou intelectuais. De quanto em quando, porém, o país se vê surpreendido com patranhas como a revelada por Ali Kamel, anteontem, no jornal "O Globo", acerca da obra "Nova História Crítica", para alunos da oitava série. Em lugar de ensinar história, o livro se consagra à canhestra tentativa de doutrinar crianças com uma enxurrada de marxismo vulgar.A coleção de disparates vai de uma condenação ao capitalismo por objetivar lucro a um elogio da Revolução Cultural chinesa. À vulgaridade pensativa, o livro agrega falsidade histórica, omitindo os assassinatos -eles sim incontáveis- cometidos em nome da dita revolução. Apesar disso, o governo federal adquiriu de 2005 a 2007 quase 1 milhão de exemplares da obra, campeã de distribuição gratuita. Só em 2007 gastou com ela R$ 944 mil.Não que inexistam filtros para desestimular a escolha de livros desse nível. Em 1996 introduziu-se uma avaliação pedagógica trienal dos inscritos no PNLD, para excluir das opções oferecidas aos professores aqueles volumes que contenham "erros conceituais, indução a erros, desatualização, preconceito ou discriminação de qualquer tipo". Obras incluídas são objeto de resenhas críticas no "Guia do Livro Didático".Em 2002 e 2005, o nada didático "Nova História Crítica" havia sido aprovado "com ressalvas", por "resvalar no maniqueísmo". Deveria ter sido sumariamente eliminado, por seus erros, desatualização e preconceitos. É o que anuncia agora o MEC, para 2008, pondo a tranca na porta arrombada à vista de todos.
3 comentários:
"patranhas como a revelada por Ali Kamel" - o mesmo cara que diz que não existe racismo no Brasil.
O tema � muito interessante e daria um belo debate aqui no blog.
A minha opini�o � existe algum livro que conte os dois (ou mais)lados da hist�ria? Ou que pelo menos lute para ser razoavelmente imparcial?
Tenho certeza que obras assim existem. E elas deveriam ganhar mais destaque na m�dia.
O único Camel que eu conheço e respeito se chama Joe Camel.
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