25/09/2007 - 09h11
da Folha de S.Paulo
Para Alberto Dualib, o título do Corinthians no Brasileiro-2005 é "de fato e de direito" do Internacional que, na opinião do agora ex-presidente do clube alvinegro, foi "roubado".
A declaração do cartola, que renunciou ao cargo na última sexta-feira, foi feita a Renato Duprat, seu antigo braço-direito, e interceptada pela Polícia Federal nas investigações da parceria Corinthians/ MSI.
O diálogo ocorreu em 10 de outubro do ano passado. Na conversa, Dualib reclama da parceira, que parou de enviar dinheiro e, em atrito com a empresa, tenta desqualificar o título ganho sob a gestão da MSI.
Na ocasião, o Corinthians lutava contra o rebaixamento no Brasileiro e o cartola preparava uma cobrança à parceira.
"Você avisa, fala o seguinte: com esse time, não vamos ganhar nada. Vamos perder dinheiro. Vamos afundar o Corinthians. A gente tem que achar uma solução", disse Dualib a Duprat.
"O técnico que não conseguiu ganhar nada no Corinthians [Geninho] já ganhou oito jogos em outro time [Goiás] que foi bem montando", prosseguiu o dirigente.
"Isso desmoraliza ele [Kia Joorabchian]. Ele vai falar: mas como ganhou no ano passado? Ganhou, mas se não tivesse aquela merda daquela anulação de 11 jogos, nós estávamos fora. Porque o campeão de fato e de direito seria o Internacional. E porque nos últimos cinco jogos tínhamos 14 pontos na frente e chegamos, entendeu, um ponto só, roubado", falou Dualib, referindo-se ao Brasileiro de 2005, que teve 11 jogos refeitos por conta do escândalo de manipulação de resultados envolvendo o árbitro Edílson Pereira de Carvalho.
Na verdade, o Corinthians terminou com três pontos a mais que o Internacional.
"Esse argumento para você é muito positivo. Estou te dando um argumento arrasador", finalizou Dualib.
Ontem, ao saber do teor da conversa, o presidente do STJD, Rubens Approbato Machado, que é conselheiro do Corinthians, pediu um relatório ao procurador do tribunal esportivo, Paulo Schimtt.
"Eu vou preparar o relatório, mas adianto que esse diálogo é coisa meio incipiente", disse.
Segundo ele, não há provas de que o clube alvinegro tenha vencido o torneio utilizando métodos ilegais.
"Se tivesse um fato novo, como por exemplo o Dualib tentando comprar o Márcio Rezende de Freitas, mas não há nada", analisou Schimtt.
Ele se referiu ao duelo entre Corinthians e Internacional em que o árbitro não marcou pênalti claro sobre o volante Tinga. A partida terminou 1 a 1.
"O fato é que o caso Edílson já se encerrou na esfera esportiva. O que tinha de ser anulado já foi", disse o procurador, descartando, nessa hipótese, a possibilidade de anulação do título.Schimtt classificou o diálogo de Dualib como "conversa de bar" e disse que ela até evidencia que o clube paulista não participou de esquema ilegal.
"[A conversa] É até uma certa prova do que diziam, que o Corinthians tinha se beneficiado."
O procurador do STJD também afirmou que entregará a Approbato um outro relatório que apura se o uso de dinheiro ilícito favoreceu o time alvinegro. Ele ressaltou, porém, que não há como afirmar isso, já que não houve condenação no processo em que Kia e Dualib, entre outros, são réus na Justiça por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
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