*Da Folha de S. Paulo de hoje, 3 de maio de 2008
Trecho do artigo O Brasil deve restringir a propaganda de cerveja?
"O consumo abusivo de álcool custa caro à sociedade e ao Sistema Único de Saúde, em tratamento de doenças, atendimentos em prontos-socorros, internações psiquiátricas, faltas no trabalho, além dos custos humanos com a diminuição da qualidade de vida dos usuários e de seus familiares. Atualmente, mais de 10% dos brasileiros podem ser considerados dependentes do álcool. E o mais alarmante: diversos estudos confirmam que a idade com que adolescentes começam a beber está caindo no Brasil, e a freqüência, aumentando. Por não ser regulada -as propostas de auto-regulação são risíveis-, a propaganda de cerveja dirige-se ostensivamente aos jovens, valoriza o consumo em grandes quantidades e o associa ao bom êxito social e sexual. A penetração da publicidade no mundo das crianças e dos adolescentes, sua receptividade e recordação estão ligadas à iniciação do consumo. A propaganda de cerveja é ato puramente comercial, tem a função exclusiva de venda e, por isso, não é razoável reduzi-la, como defendem alguns, a simples expressão do livre pensamento. Como fez acertadamente o Parlamento brasileiro ao proibir a propaganda de cigarro, isso não significa censura ou qualquer outra forma de atentado ao Estado democrático de Direito. A publicidade é lícita, mas não configura, por óbvio, direito absoluto. É, aliás, a própria Constituição Federal brasileira que admite a restrição da propaganda de bebidas alcoólicas, entre outros produtos com potencial lesivo à saúde e ao meio ambiente. Por isso, pedimos aos senhores deputados federais que não se deixem levar somente pela campanha desesperada e pelo lobby agressivo da indústria da cerveja, das grandes emissoras de TV e das agências de publicidade. Afinal, estão movidos unicamente pelo temor da queda de faturamento e pela perda de parte da capacidade de convencer novos consumidores. Fiquem conosco, com a saúde e a vida de nossos jovens".
autores:
HENRIQUE CARLOS GONÇALVES, 60, é médico pediatra e presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. MARILENA LAZZARINI, 59, é coordenadora-executiva do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e ex-presidente da Consumers International. RONALDO LARANJEIRA, 51, é médico psiquiatra, professor e coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Um comentário:
Nossa!
Olha só de onde é a Marilena!
Acho que conheço esse lugar?!
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