O celular vibrou no bolso da calça. Pensando ser algo sério, afinal quem ligaria para mim às 5 da tarde de uma quarta-feira chuvosa, estacionei o carro perto de uma casa abandonada e atendi a ligação do número desconhecido.
- Alô?
- Max! Você fica até que dia no seu trabalho?
- Alô?
- Você fica até que dia no seu trabalho?
- Quem é?
- É o Mário porra! E você fica até que dia no seu trabalho?
- Dia 14.
- Boa! É que eu to pensando em ir para o Rio de Janeiro passar um final de semana. Interessa?
- Sempre. Quem mais vai na brincadeira?
- Falei com o Joãozinho, Alan e com um colega da San Fran.
- Posso dar a minha resposta outro dia?
- Claro, mas não demore.
Desliguei o celular não colocando muita fé, afinal quantos projetos androceuticos naufragaram antes da primeira tábua ter sido cortada e colocada no píer? Porém, curiosamente, a voz de Mário tinha uma certeza que eu não ouvia há muito tempo.
Naquela noite, tentando fazer a melhor narração possível dentro das possibilidades que o meu ex-chefe oferecia a sua trupe de funcionários, cantarolava uma música. Curiosamente, não era um samba de Noel Rosa composto na Lapa fluminense no milênio passado. Morrendo na garganta, o som não era nada menos que um dos clássicos do Ultraje a Rigor: “Agora nós vamos invadir sua praia”.
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