31 de ago. de 2007

Sobre o que devemos escrever?

Ligo o computador. O samba de Dudu Nobre começa a ecoar pelas paredes do meu quarto. Estalo o pescoço duas vezes e estou pronto para a minha reestréia nesse nobre espaço virtual.
E como recordar é viver, nada como ser nostálgico e voltar ao assunto de meu primeiro post escrito em uma época longínqua. E assim como aquela primeira vez a inspiração parece que não vai ajudar não. E não Mário. Eu não vou usar a Silvia Saint para me inspirar.
Pelo menos um dos problemas da outra vez foi sanado. Depois de ter que fazer um parto para entregar uma crônica para o Cripa, eu tenho mantido um caderno com pequenos enredos para futuras crônicas ou contos. O problema é que as idéias me assaltam toda santa madrugada e muitas vezes idéias brilhantes acabaram se transformando em linhas borradas.
Acabo desistindo de se utilizar o caderno para buscar alguma idéia, embora o agradável encontro com a lua e as estrelas dessa tarde seria um agradável tema para uma crônica. Quem sabe outro dia?
Como da outra vez a solução para a minha crise de falta de imaginação foi apelar para a mistura de espuma e âmbar (plágio descarado de um poema do Poe que eu li hoje), a cerveja.
E noto mais uma diferença. Em vez da Itaipava normal, uma garrafa de Baden Baden Golden que mata a minha “sede”. Se a primeira tem um gosto que “o futuro será melhor...” a segunda tem um gosto saudosista em seu lúpulo. “Sábia escolha” pensei antes de dar o último gole.
Volto para o computador. O Nobre deu lugar ao humilde chorinho paulistano dos Demônios da Garoa e vejo que a crônica até que está saindo razoável...
Agora a conclusão, parte mais difícil do processo. Olho o relógio e vejo que já estou atrasado para a roda de samba. E nesse momento, caro leitor, que surge a crônica ou conto. Fica a escolha do freguês escolher o nome. Lamento ter decepcionado alguém ( de novo).

Sentimos muito.

_Putz! Então você perdeu tudo mesmo?
_Sim...Bem, alguns eu salvei...
_Nossa, você deve estar péssimo, né?
_Até que não, viu...
_Não, deve estar sim, mas, escuta, pode contar comigo, no que eu puder ajudar...
_Não, tá tudo bem mesmo, sério...
_Eu te admiro! Perdeu tudo, e está aí! Firme e forte; com a seriedade no rosto, pronto para o que der e vier.
_Olha, estou bem mesmo, não precisa se preocupar, eu nem me lembrava mais de muita coisa que se perdeu!
_Ah, mas como? Você escreve tão bem! Eu nunca li, mas com certeza, né? Com certeza vai escrever mais...Deixa passar essa fase ruim, né, e aí você vai ver que tudo vai melhorar...
_Meu, valeu, mas sério, estou bem.


Como vocês perceberam, eu, e creio que alguns colegas de Blog Androceu, também tiveram agradáveis conversas com pessoas “sufocadoras”. Tudo porque perdi todos os meus textos que havia postado aqui, ou melhor, lá, no blog antigo e já deletado. Certo, realmente pode até espantar e incomodar mesmo essa frieza e esse estoicismo (vejam só!) que demonstramos ao lidar com esse problema...Muitos amigos, mesmo querendo a nossa volta, queriam, também, respostas e, quem sabe, umas lagriminhas ou depoimentos passionais. Perder tudo, onde já se viu!? Que maldade! De fato. Porém, até agora estou evitando me esforçar para lembrar das coisas que escrevi. Até porque, como alguns sabem, esforçar-me para lembrar das coisas é uma das minhas atividades menos prediletas do que necessárias, principalmente quando falamos de filmes. Provavelmente, se remoer esse passado recente, encontrarei a minha cova.
Mas não falemos disso.

É curiosa a relação que as pessoas tentam manter com a nossa dor, com a dor alheia. E o incrível é que, na tentativa de querer ajudar, acabam não atrapalhando, mas pior: fingindo sentir a dor que o outro deveras sente. Não na maldade, penso, pelo menos em alguns casos. É que diante do sofrimento alheio, a tendência é você, apenas, estampar na face alguma carinha de smile do MSN, geralmente nessa ordem de aparições: “surpreendido”; “desiludido”; “triste” e “a chorar”. A ordem pode variar um pouco, claro: os mais sensíveis já configuram no rosto, de forma direta e sem rodeios, o smile “a chorar”; alguns, os mais controlados, de pulso firme, enquanto ouvem o drama do outro, repleto de fatos horríveis, tristes e bizarros, não passam do estado “surpreendido”. Só não vi, até agora, pelo menos comigo nunca assim fizeram, o estado “símile língua de fora”. Não sei da onde o Messenger tirou isso. Por acaso você, quando está sendo “todo ouvidos” com um amigo, ouvindo dele, ou dela, as angústias, suas dores mais profundas da alma, coloca, espontaneamente, a língua para fora e, ainda com a língua para fora, diz “eu te entendo perfeitamente”? Sei que só de se emocionar com o relato do outro, já é algo válido, mas estou falando da banalização do "sinto muito".
Pior é quando você está ferido em casa.

_Alô.
_Meeeuuu Deeeusss do "céus"! Minha mãe do céu, fiquei sabendo!
_Ah, oi. É, cê vê!
_Como foi?
_Ah, eu estava pulando a fogueira, na festa junina lá do sítio do Dirceu, normal, como todo mundo estava. Só que aí teve uma hora que o fogo deu uma subida, sabe, e aí não tinha percebi...
_Nooosssaaaa! Meu, nem posso ouvir! Tenho aflição só de imaginar. (Ok, o cara liga, diz que ficou sabendo, pede pra você contar, você começa a contar e o cara diz que não quer ouvir...Não ligasse, ora!)
_É, é fogo...Ops...hehehe.
_Nossa, mas e aí? Tá... (parênteses digressivos: imagine que esse interlocutor boçal aí está falando sob um efeito de voz tipo “câmera lenta”) ( nãooo! Por favor, tudo, menos essa pergunta!) Doe... (Nãooooooo, não pode ser, pelo amor de Deeeeuuus) ndo... (ah, não creio,bitchô! Sério mesmo que ele vai perguntar?) mui... (ta louco, é brincadeira, a uma hora dessas!) to?
_Ah, um pouco né? Não dá pra fazer muita coisa aqui na cama, envolto em faixas e gases...
_Cara, você é herói, estamos te aplaudindo aqui no escritório...
_Ah, que é isso, magina, foi nada não...
_Não, você é herói, definitivamente! Está aí suportando tudo, eu não conseguiria...Ouve aí!

*Aplausos do pessoal do escritório: clap, clap, clap...

_Pô, valeu mesmo! Não precisava!


Aliás, não precisava MESMO. Sabe, mas eu gosto dessa coisa de pessoas querendo confortar as outras. Ser tipo um consolo. Nos transmitindo boas vibrações. Todos sabemos que o negócio é forçado, e por isso é engraçado.

O Blog Androceu está aí de volta!

Podem fazer suas carinhas de smile :) , com a careta que preferirem...



Bruno de Pierro, sinto muito ¬¬

30 de ago. de 2007

Ói Nois Aqui Traveis

Precisa de mais algo?

Voceis pensam que nois fumos embora
Nóis enganemos voceis
Fingimos que fumos e vortemos
Ói nóias aqui traveis
Nóis tava indo
Tava quase lá
E arresorvemo
Vortemos prá cá
E agora nois vai ficar fregueis
Ói nois aqui traveis

(Adoniran Barbosa)

EU NÃO QUERO PARAR

EU NÃO QUERO PARAR, a melhor e mais nova campanha do mundo. Ligue já!

A imparcialidade da mídia

É um bom exercício para estudantes de jornalismo. A notícia é a seguinte: o respeitável Blog Androceu completou 1 ano e 3 meses de existência. Em seguida, foi invadido por hackers e seu conteúdo foi deletado.
Agora repare de que maneira essa pauta foi abordada por dois jornais sensacionalistas. Reflita à respeito e responda:
1- Qual dos jornais é pró-Androceu? Qual é contra?
2- Qual dos jornais é reacionário? Qual é subversivo?
3- Baseando-se na análise crítica de Marx sobre a luta de classes, na hierarquização das informações e nas aulas da Cudi Ampola, qual jornal deu a notícia certa?





Por Alan

29 de ago. de 2007

O guerreiro foi ferido, não morto

O soco foi bem dado. Um ataque traiçoeiro e inesperado. A queda foi sem resistência, e o fim parecia próximo para o BLOG ANDROCEU.
O blog já estava em crise. Poucos escreviam e menos ainda comentavam. A era de ouro havia acabado há muito tempo, e entre destroços de uma época remota, nossa equipe discuta o futuro do blog.
Talvez a magia havia acabado. Muitos blogs surgiriam, mas nenhum havia nos conseguido superar. Fomos pioneiros em vários campos e donos de inúmeras polêmicas e mitos. Quem não há de se lembrar de trabalhos imortais (e imorais) como “Deus existe?” ou Futurismo?
O ataque veio no pior momento da breve história do blog. Os integrantes, antes amigos de fé e camaradas de bar, viviam um momento tenso na relação e uma cisão do grupo parecia ser iminente. O ataque contra nós deveria dar o golpe de misericórdia no guerreiro androceutico, mas, em vez de sucumbir, ele se levanta como um fênix, abre as asas de gavião, e voa mais uma vez para lutar por seus idéias, que nos levaram até aqui: cerveja, mulher e vadiagem, a santíssima trindade androceutica.

O ANDROCEU revive. E jamais acabará.

A equipe.